terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

PENSAMENTO PARA A ACÇÃO

por António Chaves


Dizem que os gansos voam em formação em "V", porque assim aumentam o alcance de voo em mais de 70%.

Compartilham a mesma direcção, o sentido de grupo, a ajuda mútua para obter melhores resultados e chegar mais facilmente e mais rápido ao seu objectivo.

A observação do comportamento dos gansos permite concluir que compartilhar a liderança, dividir e distribuir os trabalhos mais difíceis, aproveitar habilidades e capacidades, combinar dons, talentos e recursos, com respeito mútuo é uma receita mágica para o êxito.

Quando o ganso do vértice fica cansado, muda-se para o fim da formação onde é menor o esforço, sendo substituído por outro na liderança. Se um ganso sai da formação sente a resistência do ar e mais dificuldade em voar sozinho e volta à formação para aproveitar o poder de elevação proporcionado pelo movimento dos vão à frente. Durante o voo grasnam frequentemente para encorajar o líder e estimular-se mutuamente.

Se um ganso fraqueja, sai da formação e alguns dos companheiros vêm colocar-se a seu lado, numa mini formação, até ele recuperar. Se o não conseguir, por doença ou outra razão mantêm-se junto dele até este falecer e só então voltam ao grupo principal ou se integram numa outra formação de gansos.

Não sei se é desta observação que resulta o ditado africano: " Se queres ir rápido, vai sozinho; Se queres ir longe, vai com muita gente".

Quando há coragem e alento o progresso é mais fácil. A partilha de liderança, entreajuda e solidariedade observam-se em comunidades humanas em momentos progressivos ou quando é necessário reagir a uma ameaça exterior.

Nas situações do dia a dia, o Estado, as organizações profissionais, os grupos sociais, as empresas tendem a assumir uma postura defensiva e a sobrepor os interesses particulares aos interesses gerais. Quando se actua sobre uma rotina defensiva onde já é patente a incapacidade de aprendizagem, o efeito mais provável é exacerbar o problema, em vez de o resolver e aumentar a conflitualidade. Vemos isso todos os dias em Portugal, no ensino, na saúde, na justiça, nas obras públicas, no funcionamento do aparelho do Estado.

Não chega extasiarmo-nos com o comportamento dos gansos e desejar o mesmo para os humanos. Actuar sobre a realidade concreta e controlar os efeitos perversos é uma área estratégica do conhecimento para a acção.

Um país, região ou organização são mais avançados quando já mudaram mais e ultrapassaram mais obstáculos. É hoje consensual que o principal obstáculo ao desenvolvimento é a falta de vontade para mudar.

O conhecimento para a acção representa um método construído, passo a passo, de avaliação da capacidade de aprendizagem, análise de dados, concepção e implementação de uma intervenção efectiva que ajude a criar mais dinamismo e inovação nas organizações.

Enquanto Transmontanos e cidadãos do Portugal de hoje temos aqui uma importante ferramenta para passar das intenções à prática. Vamos a isso?

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