por Jorge Valadares
Estamos na época do ano em que o Sol, no seu movimento ao longo da eclíptica, está mais próximo do solstício de Verão, ponto pelo qual passará (aproximadamente) no dia 22 de Junho e em que a declinação solar será máxima e igual a + 23º 26’ (seria + 90 º se estivesse acima dos polos ao longo do eixo da Terra, o que é ficção, e é 0 quando está acima do equador).
Embora o Sol esteja mais afastado da Terra no Verão do que no Inverno, no nosso hemisfério terrestre Norte (o que faz confusão a muita gente), devido a esta declinação solar que anda perto do seu valor máximo acima indicado os raios solares incidem mais perpendicularmente e a insolação solar é maior. As temperaturas atmosféricas médias são maiores, a secura da vegetação é maior, é tempo mais propício a fogos. Mas o movimento do Sol em torno da Terra sempre foi muito aproximadamente o que é e, todavia, há umas largas dezenas de anos atrás não se assistia a tantos fogos florestais no nosso país como nas últimas. Tal deve-se ao facto de muitas das ignições serem produzidas por mãos criminosas e mentes doentias e cobardes, pois atacam a indefesa natureza que tanto nos dá e não faz mal a ninguém.
Conheço uma pesquisa científica em que um grupo de colegas estão a tentar, com base em dados estatísticos, modelar a ocorrência de fogos nosso país desde 1987 até 2004. Ainda estão na fase da estatística descritiva e estão conscientes da dificuldade em modelar um fenómeno em que a variável dependente, a área ardida está relacionada com tantas variáveis, como são o tipo de vegetação (fuel), a altitude, a inclinação dos terrenos, a orientação dos mesmos, a densidade populacional da região onde ocorrem, a proximidade a estradas e diversas variáveis climáticas (precipitação, humidade relativa, temperatura máxima).
O número de ignições, o local ou locais onde ocorrem (muitas são quase simultâneas), o tipo de vegetação, a orografia do terreno e as condições de propagação (dependentes das variáveis climáticas) são decisivas. É gigantesco o drama de vermos desaparecer de repente aquilo que a Natureza levou tanto tempo a criar, de vermos morrer espécies vegetais e animais valiosas, de ver profundas modificações dos ecossistemas, de vermos proliferar pragas e doenças e de produzirmos o aquecimento global do nosso planeta.
Conhecemos dados que apontam para o facto de, entre 1975 e 2007 a área ardida ser cerca de 40 % da área do nosso território. Segundo dados da Direcção Geral dos Recursos Florestais arderam entre 1980 e 2006, uma média de 115 621 hectares por ano, o que corresponde grosseiramente a 200 000 relvados de futebol. Os estudos já efectuados mostram que a área ardida se deve muito mais a um acumular de relativamente pequenos fogos um pouco por todo o lado e não a grandes fogos. Por exemplo, entre 2000 e 2004 a área ardida foi perto de 1 milhão de hectares, mas não ocorreram mais do que 4 fogos com área ardida superior a 140 000 ha. Não restem dúvidas a ninguém que as causas artificiais dos fogos têm uma influência enorme e não é por acaso que, por exemplo, um factor que já se provou ter uma correlação positiva com a área ardida é a proximidade a estradas. O estado de abandono em que se encontram os matos é um outro facto lamentável.
Estamos longe de se ter feito tudo o que há a fazer para deixarmos de assistir a esta calamidade e seria importante que na Escola se educasse o povo a amar a Natureza e a cxada um fazer o mais que pode para a perservar.
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