Assistimos a 07 de Julho à proclamação das 7 novas Maravilhas do Mundo, e em simultâneo à nomeação das 7 Maravilhas de Portugal. Não quero entrar nos detalhes sobre a forma de encontrar os finalistas. Enfim estamos numa época de grandes avanços tecnológicos e esses mesmos podem perverter os sentidos dos votos. A organização era privada e os resultados têm o valor que cada um lhe quiser atribuir. Por alguma razão a UNESCO se afastou dessa classificação e também não quis comentar. Quero só lembrar o pedido feito aos brasileiros e decerto, pelas suas reacções, o Cristo do Corcovado lá ficou.
Quanto às maravilhas portuguesas apetece-me divagar um pouco mais. O Castelo de Guimarães, enquanto património nada se compara com o Castelo de Bragança. A votação, se calhar, teve mais a ver com a emoção do nascimento de Portugal. Um pequeno castelo como símbolo da Nação…! Depois o Castelo de Óbidos. Bem o Castelo é interessante, está lá instalada a primeira Pousada de um edifício histórico (desde 1950), mas para mim o interessante é o conjunto de Óbidos dentro das muralhas. Com o seu casario e as Igrejas.
Em simultâneo um grupo hoteleiro e de restauração lançou, via net, um concurso para eleição das 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa de que faziam parte para votação pública as seguintes por ordem alfabética: Alheiras de Mirandela, Amêijoas à Bolhão Pato, Arroz de Cabidela, Arroz de Marisco, Bacalhau à Lagareiro, Cozido à Portuguesa, Cabrito Assado, Caldo Verde, Carne de Porco à Alentejana, Francesinhas, Leitão da Bairrada, Leite Creme, Migas, Ovos Moles de Aveiro, Pasteis de Bacalhau, Pastel de Nata, Polvo à Lagareiro, Presunto de Chaves, Queijo Serra da Estrela, Queijo da Ilha de São Jorge e Sardinhas Assadas. Apetece-me perguntar, tratando-se de Gastronomia, porque não estavam representados os Vinhos? Pelo menos o Vinho do Porto que seria mais um representante da nossa região. Já não querendo entrar na polémica, as alheiras porquê as de Mirandela? Evidentemente que nestas questões nem sempre é possível contemplar todas as opiniões ou vontades. Sobre as alheiras eu tenho uma posição bem definida, e sobre a qual já tenho escrito. Fico muito contente quando se escreve sobre alheiras independentemente da sua origem.
Bem, os apurados foram por número de votos: Cozido à Portuguesa, Pastel de Nata, Leitão da Bairrada, Queijo da Serra, Caldo Verde, Sardinhas Assadas e Carne de Porco à Alentejana.
Lá ficaram de fora as duas especialidades transmontanas!
Todas estas iniciativas, em Portugal, servem para ajudar a melhorar o nosso auto estima, mesmo que os critérios e os resultados não sejam inteiramente do nosso agrado. Ajudam-nos também a reflectir um pouco. Por isso, pelo menos, devemos apoiar todas estas iniciativas. E servem também para que não se escreva só sobre futebol, apesar de este ter surgido em duas oportunidades na cerimónia dia 7 de Julho.
Lá ficaram de fora as duas especialidades transmontanas!
Todas estas iniciativas, em Portugal, servem para ajudar a melhorar o nosso auto estima, mesmo que os critérios e os resultados não sejam inteiramente do nosso agrado. Ajudam-nos também a reflectir um pouco. Por isso, pelo menos, devemos apoiar todas estas iniciativas. E servem também para que não se escreva só sobre futebol, apesar de este ter surgido em duas oportunidades na cerimónia dia 7 de Julho.
A Escola Secundária Abade de Baçal, de Bragança, organizou uma votação para eleger as 7 Maravilhas de Trás-os-Montes. Ganharam: Domus Municipalis de Bragança. Castelo de Bragança, Santuário do Santo Cristo de Outeiro, Palácio dos Távoras de Mirandela, Igreja dos Clérigos de Vila Real, Palácio de Mateus de Vila Real e Barragem do Picote. A mesma escola promete para Outubro a eleição dos Sete Mamarrachos. Esperemos com atenção, e alguma ansiedade, para possivelmente assistirmos aos desmandos do crescimento urbano não controlado, ou de mau gosto.
Mas o que eu gostaria mesmo era de lançar uma eleição das 7 Maravilhas de Trás-os-Montes e Alto Douro à Mesa. Terá este Jornal ou esta Casa, em associação com as outras Casas congéneres, condições para organizar uma eleição destas? Onde estão os voluntários?
Naturalmente que estou disponível. Aguardo as vossas disponibilidades.
Mas o que eu gostaria mesmo era de lançar uma eleição das 7 Maravilhas de Trás-os-Montes e Alto Douro à Mesa. Terá este Jornal ou esta Casa, em associação com as outras Casas congéneres, condições para organizar uma eleição destas? Onde estão os voluntários?
Naturalmente que estou disponível. Aguardo as vossas disponibilidades.
E parece-me muito útil fazer um exercício deste tipo pois acaba de ser publicado um livro de uma colecção de 21, com o título pomposo de “Guia Gastronómico de Portugal” e cujo volume 13 é dedicado a Trás-os-Montes e editado pela Ciro Ediciones, SA de Barcelona. Por acaso esta editora já tem um livro de receitas de cozinha de Portugal que tive a oportunidade de criticar pela ausência de rigor e falta de representatividade. Até parece um livro feiro à pressa e sem consultar, em Portugal, que sabe. Relembro o que escrevi no Jornal da CTMAD de Junho/Julho de 2006.
Ora o livro agora apresentado de “Trás-os-Montes”, que contou com a colaboração de 3 cozinheiros que eu muito prezo, não ilustra a nossa Região em termos de receituário.
O texto introdutório contém algumas imprecisões. A começar por definir a região. Quanto ao receituário apenas apresento alguns exemplos pela negativa: melão com presunto (pela vulgaridade e pela ausência da qualidade ou origem do presunto), sopa provinciana (igual em todo o País), patê do Chefe Eliseu (trata-se de um livro que identifica uma região, a receita é boa mas não serve os objectivos), bacalhau à transmontana (coberto com molho Bechamel???), rodovalho no forno (de que sítio, sem ser a costa, isto é especialidade?), depois 2 postas (porquê diferentes e uma delas acompanhada por rosti?), na introdução ainda nos referem o fricassé de pato com canela! No capítulo das sobremesas: charlotte de morangos, delícia de natas, folhado de framboesas, bolo de morango e tarte de laranja (e é apresentada torta). Esqueceram-se das maravilhas de comida da verdadeira tradição transmontana.
Um capítulo excelente de cozinha de autor, com referências e produtos transmontanos, do Chefe Manuel Gonçalves.
Defendamos aquilo que ainda é nosso.
BOM APETITE!
© Virgílio Gomes
Defendamos aquilo que ainda é nosso.
BOM APETITE!
© Virgílio Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário