Fome!... alimento da abundância extravagante, gulosa, desmedida,
Nos salões dourados e palácios cristal da crueldade e vilania,
Nas noites negras do prazer, da cegueira mais esquecida,
Das figuras sem figura, de sorriso oco, de alma sem alma e vazia!...
Fome!... pasto da pobreza envergonhada, de olhar frio e baço,
Vivendo na esperança vã de não ter de seu mesmo nada,
Ou na revolta de não poder erguer-se da condição humilhada,
Estampada no rosto, de quem à caridade estende o braço!...
Fome!... prenúncio cruel de corpo sadio que vai morrendo,
Invólucro inerte de alma sofrida já feita toda em pedaços,
Em lancinante agonia, percorrendo os caminhos da sorte!!...
Bailado de salsas lágrimas no rosto de cera correndo
De mulher embalando já feito nada filho seu nos braços!...
Fome!... espada nua, afiada, sombra negra da morte!...
Agrochão - Vinhais
06/Setembro/2007 // 23:40
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