quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

QUE MORRA O SILÊNCIO !

"QUE MORRA O SILÊNCIO" foi o silêncio que, de algumas vidas de Morais até Lisboa, desventrado ficou com a publicação do romance em título, da autoria de Manuel Moura, conterrâneo e associado da CTMAD de Lisboa e co-fundador da de Faro, militar de Abril, e um amigo de sempre que, sem esquecer, mais uma vez, a terra que o viu nascer, deu-nos o privilégio de nos recordar os idos anos de cinquenta e sessenta e de nos apresentar e prendar com o que, em síntese e à falta de melhor expressão, poderemos designar por romance neo-realista. E dizemos neo-realista porque Manuel Moura, no segundo livro que dá à estampa, utiliza um estilo livre e coloquial, uma linguagem simples e acessível, por vezes regional, ou até local, a lembrar, de quando em vez, Aquilino Ribeiro da nossa Terra Quente ou mesmo Bento da Cruz, da Terra Fria de Montalegre.

Que MORRA O SILENCIO mostra-nos, em jeito e pendor dialéctico, os contrastes entre a cidade e o campo, entre Lisboa e a aldeia de Morais, no concelho de Macedo de Cavaleiros, entre a vida dos pobres camponeses, que designa por Farroupilhas, e os Inchados que, sendo remediados, vivem à sombra dos ricos, que identifica por Engomados.

Com um bom número de personagens constrói um conjunto de pequenas situações novelescas que, com um leve fio condutor, consegue transmitir-lhe a indispensável conexão do romance, de sabor simultaneamente campestre e urbano, de vidas e relações ora proibidas em razão da moral e da religião, ora mesmo coagidas pelo poder económico de um dos personagens mais marcantes do romance que o tornam uma figura detestável, atrevido e sem vergonha, tanto capaz de tirar a esmola na missa como de encarnar o descontrolado libertino a fazer o rente a tudo que tenha saias.

Sem entrar em mais pormenores, para não perder a curiosidade dos leitores, bem se pode dizer "Que Morra o Silencio" se lê com agrado, talvez por duas ou três vezes, pois que o leitor fica preso à procura do que vai suceder a cada um das personagens, nomeadamente à Marilina, ao César Bailão, ao Manuel Rovisco que vão desfilando pelos caminhos de Micacha até ao Monte Ervedeiro, ou mesmo, de Morelos até ao Porto e Lisboa.

Após a apresentação do livro e dos autógrafos do escritor na nossa Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, em 18 de Outubro último, seguiu-se um delicioso jantar durante o qual houve conversa animada com o autor e sua família.

Esperemos, para breve, novo romance de Manuel Moura!

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