A Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa precisa de ter vida activa.
Quem lhe poderá dar essa vida somos todos nós que a estimamos e a vamos projectando em acções dinâmicas, esclarecedoras e inovadoras. Há alguns anos atrás tentou-se fazer reuniões por concelhos. Alguns compareceram e acharam bem, mas depois quase tudo adormeceu, por razões várias, por defeito dos organizadores, ou por motivos mais que lógicos.
Alguma coisa se manteve e ainda bem! O grupo dos naturais e amigos de Vila Marim do concelho de Vila Real continua a reunir-se sempre no 1º domingo de Abril. Este ano caiu no dia 6. Começou a fazê-lo em 2002 e ainda não desistiu. E já lá vão sete bons anos. Desta vez juntaram-se mais cerca de cinquenta pessoas. Foi um número muito significativo, se pensarmos que estamos todos muito dispersos e já com alguma idade, que não nos permite fazer grandes florestrias. Foi uma tarde bem passada. Parabéns pela perseverança. E quase todos família!
Quero referir de um modo especial pelo trabalho que tiveram em convocar a malta: o Manuel Augusto Martins, de Quintela, o Luís Frutuoso, mais conhecido entre nós pelo Luís da Giesta e eu próprio, Serafim Sousa. Que até já tinha manifestado o meu desgosto por estarem a aparecer tão poucos o que me trazia um pouco desanimado, pensando até em desistir destes encontros. Mas as coisas compuseram-se e apareceu um número que nos motiva a todos para continuarmos e assim vamos manter esta linda e singular tradição de nos encontrarmos perto da Páscoa. Os que podiam ter aparecido e não o fizeram, que se cuidem para não faltarem a seguir, sob pena de não se considerarem de Vila Marim. Somos talvez perto de uns duzentos. Seria bonito que o número aumentasse forte e feio para estrearmos as novas instalações. Quem dera!
No dia 12 de Abril, sábado seguinte, foi a vez dos naturais e amigos de Chaves. A nova direcção tem dois elementos muito distintos daquela cidade. São eles o Presidente e o Secretário. O autor destas linhas, que adoptou aquela cidade como sua predilecta, pois trabalhou ali durante os cinco primeiros anos da sua vida sacerdotal, também fez parte do grupo que tocou a reunir. E valeu a pena o esforço. Juntaram-se perto de sessenta pessoas. Nem couberam na sala grande, tiveram de utilizar a reserva. Que maravilha ver tanta gente unida em volta da mesa para confraternizar, conviver e cantar, como não podia deixar de ser.
Já os antigos diziam que é à mesa que se planeiam e se fazem os melhores negócios. E haverá coisa melhor do que manter bem acesa a chama da amizade e as raízes da terra que nos viu nascer, os amigos da infância, os factos do passado que ainda recordamos com alguma saudade? Eu penso que não. A vida dá muita volta, mas as coisas mais belas e gostosas vêm-nos desses tempos já distantes, mas ainda bem presentes na nossa memória. Estes encontros servem também para pararmos um pouco na rotina do dia a dia e reflectirmos em comum sobre o que vamos fazendo e a felicidade que tudo isso nos traz. Poderemos andar exaustos, desanimados ou até um pouco desorientados, mas o encontro com os amigos sobreleva-se a tudo. Ficamos alegres e difundimos alegria para os outros. Afinal a vida tem de ser isto. Aproveitar enquanto se pode em franca e alegre camaradagem.
Seria bom que outras iniciativas deste género se repetissem, para nos conhecermos melhor, partilharmos os anseios comuns e, porque não, tentarmos também ajudar-nos uns aos outros. A Casa precisa disto, nós também precisamos e a nossa terra precisa desta unidade entre todos para um progresso avançado. Vamos nisto. Vamos dar as mãos e concretizar os nossos sonhos.
Todos juntos seremos mais, muito mais fortes.
Dia 13 de Abril
Dia do intercâmbio entre a Freguesia de Marvila, de Lisboa, com a Freguesia de Vila Marim do concelho de Vila Real.
Um grupo de 50 pessoas, onde se incluíam os responsáveis da Autarquia e os presidentes de várias associações da mesma, partiu às seis e meia da manhã de Chelas em direcção a Vila Real . Fez-se pausa para o pequeno almoço na área de serviço de Santarém e depois foi viagem directa até Vila Real, onde se chegou por volta das 11,30.
À nossa chegada estava o Presidente da Junta da Freguesia de Vila Marim, que nos guiou até à barragem do Alvão. Estava chuva e um frio de rachar. Saímos durante cerca de meia hora e depois rumámos de novo, por Borbela, em direcção a Vila Real. Parámos junto do Teatro e do Centro Comercial Dolce Vita. Observou-se aquele conjunto, as piscinas, os jardins, a ponte de ferro, o novo Colégio da Boavista. Respirou-se o ar puro e fresco e fomos até à Meia Laranja. Vista deslumbrante do rio Corgo a serpentear entre rochedos. Ao longe o Hotel Mira Corgo, o cemitério velho, a ponte pedonal e os restos da velha fábrica de curtumes.
Depois lá seguimos para Vila Marim, onde nos esperava uma chanfana à moda de Arnal, feita pela esposa do Sr. Presidente ajudada por mais alguns familiares. Sentámo-nos e vieram os discursos, primeiro do Manuel Martins, o organizador deste intercâmbio, que referiu a felicidade que sentia por estarem ali, naquele encontro de culturas e interesses. Agradeceu o Presidente da Junta de Vila Marim e de Marvila, dizendo que aquela viagem seria o princípio de uma nova era no relacionamento das duas freguesias. Dali em diante estariam de mãos dadas em relação ao futuro. A comida foi abundante, suculenta e muito bem confeccionada. Bebeu-se branco e tinto da terra, sumos e águas minerais. Salada de frutas, doces variados e um bolo gigante oferecido pela Junta de Vila Marim. Tudo óptimo.
A surpresa maior foi o acompanhamento da refeição pela tuna de Bisalhães - Mondrões.
Só pararam no fim. Deliciaram-nos com músicas populares do seu vasto reportório e a canção final, em jeito de despedida, dizia, entre outras coisas, o seguinte: "vai, amigo, por toda a parte construir a paz e o amor". Que bela e sedutora mensagem! Talvez nem todos se tenham apercebido, mas calou bem fundo no coração de alguns. Obrigado em nome de todos, mas não vamos esquecer que da boca das pessoas simples saem grandes lições muitas vezes. Amizade e paz não têm fronteiras.
Iniciou-se o regresso rumando à Torre de Quintela. Passámos ainda por casa do Manuel Martins para merendar. A merenda foi preparada com todo o requinte: leitão, bola de carne e bolos variados, mas faltava o essencial para estas coisas, era o apetite. Tudo delicioso e atraente, mas não havia espaço interior para tanta comida. De qualquer forma o Martins está de parabéns por tanta generosidade e hospitalidade, mas o ser humano tem limites...
Pelas 18,30 foi o regresso. Chegámos a Lisboa pelas 23,30. Durante a viagem de ida e volta cantou-se, rezou-se e partilhou-se felicidade e alegria. Foi um dia bem passado e em plena satisfação de todos. Resta-nos dizer muito obrigado a Marvila, a Vila Marim e a todos os que participaram e deram o seu melhor para este encontro de amigos.
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