domingo, 14 de setembro de 2008

Protesto pelas pinturas rupestres

Do "JN online" transcrevemos:


por Francisco Pinto

A coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases, secção em Portugal, denunciou a existência de gravuras rupestres na margem do rio Sabor, local para onde está prevista uma barragem.

A Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases (Coagret), secção em Portugal, aproveitou a festividades que decorrem no Santo Antão da Barca, concelho de Alfândega da Fé, para denunciar as gravuras de arte rupestres que não estão inventariadas. A iniciativa foi considerada como uma acção de protesto contra actos de alegado "vandalismo" e atentados ao património arqueológico existente nas margens do rio Sabor.

De recordar que aquela área ficará submersa aquando do enchimento da futura barragem do Baixo Sabor, que deverá estar concluída em 2012.

No local foi descoberta, há cerca de meia dúzia de anos, uma gravura rupestre picotada na rocha que segundo os especialistas representa um veado. A gravura apresar de não estar ainda enquadrada em termos cronológicos poderá ser " do Paleolítico ou Neolítico."

Há cerca de ano e meio foi observado que a gravura tinha sido alterada: foi picotada uma figura de uma vaca por cima do original que representa um veado.

Segundo Pedro Couteiro, membro da COAGRT, "quem fez o novo picotado sabia o que estava a fazer, já que tinha de ser cientificamente orientado. O desenho feito a posterior não é uma coisa simples", destacou.

"A denúncia pretendeu chamar a atenção não só de uma gravura vandalizada, mas sobre tudo o desrespeito da EDP face ao Estado português, já que dá-se ao luxo de desrespeitar directivas respeitantes ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da barragem do Baixo Sabor," alega aquela responsável.

De acordo com Couteiro, "o levantamento da arte rupestre daquela área não é feito de forma rigorosa, nem o levantamento antropológico da ermida do Santo Antão da Barca, local de culto muito respeitado pelas populações da área circundante".

Por isso, entendem os estudiosos que "não é aceitável o facto de terem sido elaborados três Estudos de Impacte Ambiental e que, das três vezes que alguém se debruçou sobre aquela zona e o seu património natural e arqueológico, nunca encontrou figuras de arte rupestre de relevo, a não ser alguns exemplares dispersos", afirma Couteiro.

A COAGRET diz querer evitar mais "um escândalo" como os que aconteceram no Vale do Côa e no Alqueva no que diz respeito a construção de barragens face a preservação do meio ambiente o espólio arquitectónico e arqueológico.

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