
Faz parte do mesmo uma estada em Chaves.
Com jantar no Faustino, é claro.
Por isso tratei, aproveitando as férias da Páscoa que normalmente passo na minha terra natal, de me deslocar à velha catedral da Travessa do Olival para verificar in loco se tudo estava na mesma.
E estava, exceptuando não ter visto o meu bom amigo Eduardo Faustino que por motivos de doença não ocupava o seu posto de trabalho. Mas em compensação, tive a oportunidade de estar com sua esposa, Dª Odete, que me explicou a falta do marido.
Falta justificada.Estive, vai-não-vai, para lhe perguntar o que iria oferecer aos nossos associados que vão participar no passeio.
A resposta óbvia "coisas boas" inibiu-me de o fazer.Para quem ainda não conhece "a maior secção de venda de vinho a retalho do país" (J.N.V. 1942), o Faustino, que vai a caminho dos 90 anos, tem passado de geração em geração (lembro-me de lá ver o pai e agora vi lá a neta e bisneto), sempre atento aos sinais dos tempos e vai mantendo o que é de manter e alterando o que é de alterar.
Foi assim que uma velha serralharia, com o seu travejamento muito peculiar, da autoria de mestre Vicente Costa, marceneiro de profissão, se transformou naquilo que hoje é.
Mantendo o seu chão em paralelepípedos de granito, mesas com bancos de madeira, tonéis de 20 mil litros, 15 metros de balcão de pedra e bons petiscos, mudou parcialmente o menu, enriquecendo-o com novas iguarias e albergou actividades tão distintas e afinal tão próximas da gastronomia, numa alquimia perfeita de linguiça, exposições de pintura, pica-pau, coxinhas de rã, representações teatrais, orelha, salpicão, moelas, fados, alheira, bolinhos de bacalhau, variedades, iscas de cebolada, arroz de tomate, cerimónias diversas, salada de bacalhau "feita à mão", batata frita à velha maneira, leite-creme, arroz doce.
Chega?A integração de novas ideias e de novos projectos não lhe desvirtuou a alma e para quem, como eu, já lá vai há umas dezenas de anos, é sempre com prazer que assisto a este milagre faustiniano: muda, muda, muda e afinal... fica na mesma. Como a gente gosta.
Bom. Sem querer influenciar o leitor, caso se desloque pela primeira vez a esta velha Taberna, e apenas a título de exemplo, eu pedi e deliciei-me com pão centeio, queijinho de meia cura e umas tirinhas de presunto regional, para ir fazendo boca ao tinto do lavrador. Depois de uma sopinha de cebola, foi-me servido meio bife de vitela barrosã, com os temperos no ponto, a saber a carne de pasto e acompanhado de salada mista.
Terminei com um pratinho de aletria com canela.Que mais poderia pedir?
Creio que nada.
Se vivesse em Chaves estaria disposto a encabeçar uma manifestação a protestar contra o encerramento aos Domingos.
Como vivo em Lisboa...entendo perfeitamente que o pessoal tire um dia de descanso. Até porque bem o merece.
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