quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

"Novo Cancioneiro do Alto Douro" vol. II

Um livro de Altino Cardoso


A Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa promoveu na Sede, em 13 de Dezembro último, a apresentação multimédia do segundo volume do GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO*, do associado Altino Moreira Cardoso, violinista do antigo Grupo de Cantares da Casa. Além de muitas e variadas músicas tradicionais, foram projectadas belas fotos do Douro e importantes dados histórico-literários.

Às cantigas da Vinha do primeiro volume juntam-se agora músicas instrumentais de Tuna, de Natal, de Reis, de Embalar, Rimances (a maior parte medievais), cantigas do Trabalho, Religiosas, Desgarradas (cantigas ao desafio).


Trata-se de um projecto apaixonante, erguido em largos anos, com cerca de 1150 músicas, letras e um grande estudo histórico-literário, em 3 grossos volumes, cada um com 640 páginas.

Do Volume III, a sair brevemente, constará uma análise histórico e literária dos poemas mais valiosos das nossas cantigas, nomeadamente o enquadramento dos vestígios das Cantigas Populares de Amigo medievais nas circunstâncias históricas que, quase providencialmente, ligaram a fundação de Portugal ao Conde D. Henrique (natural da Borgonha e primo de São Bernardo, o implantador de Cister no vale do Varosa e depois em Alcobaça) e a Egas Moniz, senhor destas terras, em cuja Casa, em Britiande (Lamego), foi criado D. Afonso Henriques (órfão aos 3 anos) e seu filho D. Sancho I.

Acresce ainda que nessa mesma altura foi erigida a Catedral de Santiago de Compostela, cuja força militar está sobejamente documentada na ajuda a Portugal e, culturalmente, na difusão das belíssimas Cantigas do galego-português estudadas nas nossas Escolas - que ainda hoje mantêm vestígios flagrantes de continuidade em muitas letras das nossas cantigas populares, como este Grande Cancioneiro demonstra de modo muito claro.

A presença da Borgonha significa que as melhores castas, tecnologias vitivinícolas e organização empresarial ('boa cepa', a Borgonha) vieram com S Bernardo e a Ordem de Cister para o Douro de Egas Moniz, já desde o século XII.

Os 'vinhos de Lamego' precederam a saga dos 'vinhos do Porto', antes da demarcação da Região, logo que a excelente e abundante produção do vale do Varosa começou a ser comercializada e exportada, através da barra do Douro. Centenas ou milhares de pipas, ainda na Idade Média.

Torna-se evidente que os mosteiros e empresas cistercienses do eixo Lamego-Tarouca assumem um estatuto cultural, económico e patriótico ímpar na História, na Economia, na Gestão do novo Reino e na Cultura de Portugal.

Ainda hoje o espumante Murganheira conserva no seu logotipo a nobre Flor-de-lis do Conde D. Henrique e dos Duques de Borgonha e Reis de França.

Na nossa Terra existe uma Cultura de grande profundidade histórica, em todos os aspectos da actividade humana; e o nosso Douro não é só o vinho, das vinhas saibradas pelos galegos, mas também as suas e nossas belas e milenares cantigas tradicionais.

Divulgar o que é nosso é um Dever de pessoas de cultura e comunicação.

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*Edições Amadora-Sintra

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